Vice-presidente do Leão afirma que o ex-treinador rubro-negro faltou com a verdade.
Uma entrevista concedida por Nelsinho Batista, ex-treinador do Sport, ao portal Terra no dia 20 de julho de 2009 foi reproduzida hoje, dezesseis dias depois, pela rádio CBN Recife, com uma chamada no mínimo estranha. Primeiro dava a entender se tratar de um contato ao vivo com Nelsinho Batista, segundo foi anunciada como 'toda a verdade' sobre sua saída do clube da Praça da Bandeira.
A respeito deste episódio, o vice-presidente de futebol do Sport, Guilherme Beltrão, estranhou muito o fato da rádio citada ter recuperado hoje uma entrevista concedida há mais de duas semanas e a forma como a mesma foi tratada. "É de causar estranheza a CBN pegar o áudio de uma entrevista dada semas atrás ao portal Terra e colocar no ar agora, como se fosse a verdade absoluta. O que Nelsinho disse é, no máximo, a versão dele, mas não é a verdade dos fatos", declarou Beltrão.
O dirigente rubro-negro não parou por aí e esclareceu: "Sobre Paulo Baier, Nelsinho está faltando com a verdade, pois o empresário que trouxe o jogador é um amigo pessoal do próprio Nelsinho, chamado Elias Lacour. Quando questionado sobre a vinda de Baier ele (Nelsinho) foi categórico: "- Este eu quero!", e como testemunhas estão Milton Bivar, Adelson Vanderley e Alvaro Figueira. Tanto é verdade que Baier veio a pedido dele, que foi titular do time o tempo todo, mesmo nas partidas que atuou muito mal sequer era substituído. Só não jogou quando pediu para ficar de fora."
Tranquilo, porém chateado com as declarações do antigo comandante do time leonino, Guilherme Beltão comentou ainda sobre a política de contratações, duramente criticada por Nelsinho Batista após sua saída da Ilha. "Questiono por que ele não comentou antes que a diretoria estava trabalhando errado? Por que enquanto as vitórias estavam vindo ele não reclamou nada? Os critérios de contratações foram os mesmos de 2008, ou seja, diretoria em parceria com o treinador. Exceto pelo zagueiro Juliano, absolutamente nenhum atleta foi contratado sem sua aprovação ou indicação", disparou o vice de futebol do Sport.
Beltrão falou ainda sobre a lista de reforços apresentada por Nelsinho Batista ao final da terceira rodada do Brasileirão 2009. "Ele apresentou uma lista onde os bons nomes seriam solicitados por qualquer pessoa de bom senso, porém, não era linear, ou seja, havia uma disparidade muito grande entre os jogadores."
Confira as opções apresentadas por Nelsinho:
Laterais:
Edson Sitta - atua como volante no Nacional (Portugal). Tem problemas musculares e pediu R$ 80 mil/mês;
Jônatas - titular do Cruzeiro/MG, que sequer quis abrir negociação;
Nei - jogador lesionado do Atlético/PR;
Maranhão - revelação do Guarani/SP, que pede no mínimo R$ 5 milhões pelo atleta;
Zagueiros:
Danny Morais - está no Internacional/RS, que sequer quis abrir negociação;
Ediglê - está na Portuguesa/SP, valor de multa recisória fora da realidade;
Volantes:
Bida - titular do Vitória/BA, que não tem interesse em negociá-lo agora;
Marcelo Oliveira - está no Conrinthias/SP, que não quis negociar. Tem um histórico de seguidas contusões;
Elicarlos - está no Cruzeiro/MG, que sequer quis abrir negociação;
Diogo - na época também estava no Grêmio/RS, porém, já negociado com outro clube;
Maicon - ex-júnior do Internacional/RS. Não veio porque Jorge Machado, amigo de Nelsinho e mesmo empresário de Leandro Machado, pediu muito pelo jogador (100 mil luvas 35 mensais);
Meias:
Morais - está no Corinthians/SP, que sequer quis abir negociação;
Leandro Domingues - está no Vitória/BA, que também não quis liberar;
Thiago Humberto - do Barueri, mais um que o clube não aceitou negociar;
Manso - jogador de 30 anos, a LDU pediu mais de um milhão de dólares e recusou nossa contra-proposta;
Atacantes:
Gilmar - do Náutico, multa recisória muito alta;
Souza - do Corinthians/SP, ganha R$ 180 mil por mês e não quis vir para o Nordeste;
Josiel - do Flamengo/RJ, ganhava R$ 180 mil e não quis vir para o Nordeste;
Leandro Amaral - do Fluminense/RJ, estava machucado e recebe mais de R$ 200 mil por mês;
Pedrão - do Barueri, tentamos desde 2008, mas nunca ouve acordo com o clube paulista;
Welington - do Hoffehein, da Alemanha, não quer voltar para o Brasil agora e ganha muito alto;
Alan Kardec - do Vasco da Gama/RJ, que ainda nem se firmou por lá;
Dodô - está suspenso do futebol até novembro, ou seja, não pode jogar;
"Além disso quero ressaltar que todos os atletas foram procurados, mesmo aqueles que sabíamos ser impossíveis, pois devíamos satisfações ao nosso treinador. Ele vetou Diego Tardelli e recusou também Marcelinho Paraíba, que inclusive nos foi oferecido por um empresário amigo do ex-diretor Fernando Lima. As contratações de Jonas e Guto foram um pedido de Nelsinho, que aprovou ainda a vinda de Bruno Teles. Jonas até já tinha sido seu atleta no São Caetano/SP. Nelsinho também não queria Hamilton, nem Daniel Paulista, pois seu volante era o Fernando, reserva do Goiás, que só não veio porque pediu R$ 160 mil de luvas e R$ 65 mil de salários", afirmou Guilherme.
Beltrão falou ainda que "Nelsinho saiu do Sport após 3 partidas no Brasileiro, onde em 9 pontos conquistou apenas um. Mas isso é normal, não significa nada. Teve uma passagem brilhante pelo clube, com números que falam por si, é um técnico vencedor. Ele não era a primeira opção na época, não era unanimidade, mas o departamento de futebol bancou sua contratação, acreditamos que mesmo estando em baixa no cenário nacional, Nelsinho era o nome certo para o Sport e com os resultados conquistados posteriormente ficou provado que acertamos em cheio ao trazê-lo. Na minha avaliação foi um dos melhores técnicos que já tivemos, tanto que renovei seu contrato por dois anos, dobrando o seu salário."
Para finalizar, Gilherme lembrou uma frase dita pelo repórter Erick Faria, da Rede Globo, num programa da Sportv: "Nelsinho foi muito bom para o Sport, mas o Sport foi muito melhor pra ele", declarando em seguida: "- Não vou ficar de bate-boca, dicutindo, nem polemizando com ninguém. O que foi dito aqui é uma declaração oficial do clube e é a nossa versão dos fatos. Dou o assunto por encerrado e estimo que Nelsinho seja muito feliz no Japão, lembrando mais uma vez que foi com esta diretoria, com esta política e com este orçamento que ele conseguiu se relançar nos cenários nacional e internacional."