Luciano Bivar avalia que teve um ano vitorioso à frente do Sport com a conquista do acesso à Série A (Foto: Lucas Liausu).
Em entrevista ao GloboEsporte.com, ex-presidente fala de sua gestão e afirma que dificilmente voltará a se candidatar a um cargo no clube: 'Já dei minha cota'.
- Acho que já dei minha cota durante minha vida inteira do Sport e agora é a vez de outros fazerem isso.
- Conversei com o meu vice-presidente, João Humberto Martorelli sobre essa possibilidade de ele assumir o clube por conta da minha condição como candidato (a deputado federal, em 2014) e eu não queria misturar a minha parte política com a parte esportista. Então foi isso que ficou acertado e creio que vamos fazer grandes campeonatos no próximo ano. Saio do Sport em um momento de completa estabilidade. Estamos na Série A e tivemos um ano fiscal muito bom também.
- No dia que me chamaram para ser candidato fiz um discurso anti-candidato. Só falei dos meus defeitos e entre eles disse que tinha um problema porque em 2014 seria candidato a deputado federal. Mesmo assim todos disseram que queriam que eu entrasse e acabei aceitando.
O estatuto do clube prevê que a licença seja de seis meses. O senhor pretende voltar?
- O estatuto diz que posso renovar a licença. Tenho esses seis meses e depois vou renovar. Já combinei isso com Martorelli para que ele fique até o fim de 2014. Por isso a minha urgência em entregar o clube a ele para que ele possa fazer as coisas à sua feição. É importante que cada presidente tenha sua marca e o seu perfil.
O senhor acredita que, com Martorelli, o futebol do clube sofrerá muitas mudanças?
- Eu criei um conselho gestor que funcionou muito bem. Tenho que agradecer muito a esse conselho gestor. Isso funcionou tanto que chegamos à Primeira Divisão, mas eu confesso que não sei se ele vai ter o mesmo modelo de gestão. Agora cabe a ele achar a melhor maneira de administrar o futuro do Sport.
Com a saída de Bivar, planejamento para a temporada 2014 está atrasado no clube (Foto: Elton de Castro).
- Toda gestão nova é difícil. A gente estava fora do futebol do Sport e pegamos um time com uma série de jogadores que não estavam dentro do perfil da nossa comissão técnica. Acho que foi uma vitória pelo tempo que tivemos até remodelar isso. Em 1975 eu peguei o time e no primeiro ano não consegui nada, mas no segundo coloquei na Série A. Agora consegui isso no primeiro ano.
O Sport entra em 2014 com boas condições financeiras?
- Financeiramente chegaremos um pouco melhor do que em 2013, pois não tivemos patrocinador master e agora teremos. Também não teremos a folha paralela em 2013, porque alguns jogadores serão dispensados agora no final do ano. Teremos uma folha enxuta e otimizada.
- Eu não posso dizer que não planejo porque estou desmoralizado com a minha família e com os meus amigos, mas eu não tenho a menor intenção de ser candidato novamente a presidente do clube. A presssão em casa e das pessoas que nos amam é grande porque, quando presidimos um clube que o fundamento maior é a paixão, as coisas são imprevisíveis. Acho que já dei minha cota durante minha vida inteira do Sport e agora é a vez de outros fazerem isso.
Por que a pressão dos familiares é tão grande?
- Só quem vive o futebol sabe o que representa para os amigos ver um repórter desavisado dizer que você é incompetente. O leitor ocular não sabe se você é incompetente no clube, na vida profissional ou pessoal. Isso dói e machuca. Só quem sofre agressão sabe disso e por isso as pessoas que amam a gente preferem que a gente fique isento.
O senhor gostaria de ver um filho seu como presidente do Sport um dia?
- Não. O futebol é muito emocional e, se não tiver uma estabilidade, pode prejudicar sua conduta profissional e familiar. Tem que ter um discernimento muito grande para saber o que é futebol e o que é família e amigos. Tem que departamentalizar os sentimentos para não ter um conflito psicológico.
Em algum momento o goleiro Magrão deixou de ser uma prioridade na sua gestão?
- Eu nunca disse que Magrão não era prioridade e nunca falei em não renovar com ele. Muito pelo contrário. Conversei com ele para renovar e até disse que ele poderia ir para o partido nazista que isso não iria interferir na permanência dele no Sport. Essa foi a conversa que tive com ele e ele certamente confirmará.
O senhor se arrepende de algo que não fez ou que fez na gestão?
- A ordem dos fatores não altera o produto e o nosso produto final foi formidável. O que nós pretendíamos era colocar o Sport na Série A do Campeonato Brasileiro e conseguimos. Nunca prometi ser campeão do Pernambucano ou da Copa do Nordeste porque eu mal tinha entrado no clube e até formar um time seria difícil. Atingimos o objetivo do acesso e também acompanhamos o nosso problema fiscal sem levantar nenhum outro passivo. O Sport pagou tudo em dia, amortizou dívidas e ainda investiu no CT. Acho que foi um ano extremamente exitoso para o Sport.
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