A Ilha do Retiro, ou Estádio Adelmar da Costa Carvalho, completou 76 anos na quinta-feira. Por não ser "redonda", a data não ganhou grandes conotações. Pode-se dizer até que passou em branco. Foi citada aqui e ali, sem maior destaque. Mas há um simbolismo por trás de mais uma passagem. Esse pode ter sido o último aniversário do templo rubro-negro da maneira que o vemos hoje, com sua assimetrias e desconforto, mas ainda assim amado pelos torcedores. Com a possível aprovação do complexo esportivo e empresarial que vai substituí-lo - com direito à arena nos moldes da Fifa para 45 mil pessoas -, rubro-negros falam de saudade, embora entendam que no momento a modernidade pede passagem. E é essencial para o crescimento do clube no cenário nacional.
Essa perspectiva não passou em branco do goleiro Magrão. Nos últimos oito anos, foi acolhido pela Ilha. É ali que treina rotineiramente. Uma extensão da sua casa, literalmente, já que seus filhos começam a viver o ambiente leonino participando de escolinhas e times de futebol das categorias de base. "Trata-se de um local onde tive e tenho muitas alegrias. A Ilha é minha segunda casa. Quando falo isso, falo sério. Tanto em sentimento quanto em permanência. Passo mais tempo dentro da Ilha, dentro do Sport, do que na minha própria casa. Meus filhos vivem aqui dentro", lembrou o jogador. "Isso tudo vai deixar muita saudade", comentou.
A Ilha do Retiro foi fundada em 1937, tendo como jogo inaugural um embate contra o Santa Cruz, vencido pelo Sport por 6x5. O primeiro gol foi marcado pelo leonino Artur Danzi, que dava ali o recado do quanto seria difícil bater o Leão no seu novo lar. O tempo deixou a Ilha com cara de mal. Cair por lá, no alçapão rubro-negro, era negócio que adversário nenhum desejava. Não à toa, as maiores conquistas aconteceram nela. Muitos dos títulos estaduais e, principalmente, o Brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil de 2008.
Uma nova Ilha está para nascer. No mesmo lugar. Um megaprojeto está para ser aprovado pela Prefeitura do Recife. Vai substituir o complexo esportivo existente. Tão logo receba a aprovação da municipalidade, uma nova reunião entre os sócios vai ser convocada para, então, dar início à construção de uma nova casa.
A decisão de mudar tudo foi difícil. O presidente do Conselho Deliberativo do clube, Gustavo Dubeux, um dos idealizadores do projeto, lembra que foi muito feliz no estádio, hoje cheio de falhas e ultrapassado para os tempos atuais.
"Lembro com carinho de tudo que vivi aqui. O título pernambucano de 2006, quando era vice-presidente de futebol, o Brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil mexeram muito comigo. Mas vamos mudar para algo que vai nos impulsionar no futebol. E, por isso, acho que a troca dessa Ilha por outra é fundamental. E nunca vamos esquecer o que vivemos aqui. Um museu do Sport também será construido", ponderou Dubeux.
Thiago Wagner da Silva
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