Insatisfeito com o processo, Milton resolveu fazer uma carta e divulgá-la a toda a torcida do Sport, especialmente aos sócios e conselheiros. Ele fala de toda sua insatisfação com o processo e explica os motivos para ela existir.
Confira a carta abaixo na íntegra:
Aos Rubro-Negros,
Não obstante ter opinião diferenciada de parte de meu grupo hoje formado por ex-diretores, colaboradores e amigos, que me ajudaram quando da passagem pela presidência do Sport Club do Recife, no biênio 2007/2008, venho através desta, me dirigir a público, principalmente para nosso quadro de associados, para afirmar que sou contra a forma pela qual está desenhada a concessão de uso do solo de toda nossa área, e que hoje abriga, de fato, o maior patrimônio dos clubes esportivos do Nordeste e, ressalte-se, ainda, com uma posição destacada em todo o cenário nacional. Diga-se de passagem, patrimônio este construído ao longo dos 106 anos, e que quase na sua totalidade foi erguido pelos antigos dirigentes (ex-presidentes, conselheiros, diretores, ex-presidentes da comissão pro sede, sócios, torcedores etc..), os quais com capacidade e competência conseguiram nos deixar tão grande legado, e que agora, sob o pretexto de nos modernizar, teremos que colocar abaixo - demolir, para que possamos arrendar-alugar..., Nessa perspectiva, perdemos por mais de trinta anos a nossa soberania, porquanto por força contratual não mandaremos mais em nada, inclusive no nosso estádio, já agora denominado ”Arena”. O investidor é que dará as ordens no calendário, preço de ingressos, horários, contratações de eventos etc... Até para treinar no nosso campo teremos que pedir autorização para dispor daquilo que é nosso desde o nascedouro. Diante deste contexto, é correto dizer: temos que esperar trinta anos após a conclusão da obra que, registre-se, levará mais uns três anos após a conclusão da obra, sendo correto ainda afirmar, que grande parte de nós, hoje sequer estaremos vivos, inclusive, eu. Tudo isto para receber de volta nosso patrimônio em condições que não podemos prever, e até mesmo de quem? Na medida em que boa parte da diretoria da empresa investidora, de igual modo, sequer vai estar viva.
Não estamos a beira da morte, com a corda no pescoço, pelo contrário, somos privilegiados, pois poucos são os clubes no Brasil que possuem estádio particular. Não precisamos nos render ao capital que hoje abunda no Brasil, através de bancos detentores de recursos públicos a exemplo de o BNDES, e que só para poucos é oportunizado o seu levantamento. Por tais razões, não podemos nos rebaixar, nem tampouco, menosprezar nossa capacidade de discernimento, poder de criação, coragem, e altivez, assim como os antigos o fizerem, pois todo o parque esportivo e social que hoje está edificado em nosso solo (Estádio, Sede, Parque Áquático, Ginásios, Parque de Tênis, Concentração, Futebol Society, Loja de Material Esportivo, Garagem de Remo, Sala de Sinuca, Tênis de Mesa e tantas outras benfeitorias) não foi por acaso. Os predicados do passado ainda estão presentes nos dias de hoje, tanto que continuamos ampliando nosso patrimônio, coma realização de tão grande e mais recente sonho, que é o nosso CENTRO DE TREINAMENTO, cuja aquisição se deu em 2008. Atualmente, encontra-se num estádio avançado na sua parte física, com a construção dos Hotéis, Restaurante, Departamento Médico, Sala de Jogos, Academia, Portaria etc... E que em breve poderemos nos orgulhar de termos um dos melhores CT do Brasil, tudo isso fruto do exemplo deixado pelos antigos. Digo isso porque nosso clube nbao por objetivo o Lucro.
O que nos enriquece são nossas conquistas, nossas vitórias, as quais devem andar em paralelo com o nosso crescimento patrimonial.
Tudo isso que vos falo não tem objetivo político, pois todos sabem que não faço política no clube que aprendi amar. Todavia pressionado por muitos a me posicionar a respeito desse assunto, por sinal iniciado por mim em meados de 2007, quando na presidência, iniciei tratativas diversas no intuito de arranjar parcerias para reformar ou, até mesmo a construção de um novo estádio, sem que com isso fosse necessária a inclusão de toda nossa área e conseqüente demolição de nosso patrimônio. Sou totalmente contra essa empreitada, pelo menos nos moldes que foi apresentada. Nem mesmo o estudo de viabilidade comercial nós temos conhecimento, capaz de concluirmos se estamos diante de um bom ou mal negócio. Como democrata que sou, acatarei toda decisão tomada pela maioria dos Rubro-Negros, através de nova assembléia geral-Conselheiros e Sócios, em respeito ao Estatuto Social do Clube, por conseguinte, com a máxima transparência possível.
Entendo que, tal como os antigos fizeram,superando desafios, também poderemos realizar mais um sonho, qual seja, colocar a disposição do nosso quadro associativo um estádio mais confortável, encarando o desafio de ampliarmos com mais camarotes, cadeiras, estacionamentos, bares, banheiros etc..., Enfim tudo que se faça necessário para darmos as melhores condições de uso. Tudo isso com a ajuda de todos e também na busca de parceiros, desta feita sem que percamos por um dia sequer nossa autonomia.
Nós podemos, nós também podemos, não devemos nos subestimar, não devemos nos entregar e sim seguirmos firme, pois confio no nosso futuro, no propósito de deixarmos para nossos filhos um legado tal qual nos foi deixado e que hoje como herdeiros que somos temos que tentar preservas ao máximo.
Posso até ser chamado de saudosista por alguns, o que em parte até será verdade, mas meu intuito, é que façamos o melhor para o nosso clube, não só pensando no presente, como também no nosso futuro. PST.
Milton Bivar
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