Lucas posa para fotos dos parceiros após primeiro gol (Foto: RUBENS CHIRI/PERSPECTIVA/Agência Estado).
Atacante, que não marcava há dois meses, conta com ajuda do goleiro
Saulo e boa atuação de Fabuloso para deixar Tricolor perto da
Libertadores.
Lucas não fazia gols havia dez jogos, contando Campeonato Brasileiro e
Copa Sul-Americana. Eram dois meses de jejum, desde a vitória por 4 a 0
sobre o Botafogo, no dia 30 de agosto. Suas últimas atuações haviam sido
abaixo da média. Alguns já apontavam o cansaço do jovem, escalado à
exaustão no São Paulo e convocado sempre por Mano Menezes para a seleção
brasileira. Erro grave duvidar de um jogador como ele.
Lucas se cansou, sim. Mas de passar em branco. Foram três gols, fato
inédito na carreira, para decretar a vitória do São Paulo por 4 a 2
sobre o Sport. Uma vitória que valeu muito. Valeu a vantagem de sete
pontos sobre o quinto colocado, agora o Internacional, na luta pela vaga
na Libertadores. Valeu a volta de Luis Fabiano, que participou de três
gols em ótima atuação no retorno ao time. Valeu a certeza de opções no
banco, já que Maicon e Douglas substituíram bem os titulares Jadson,
suspenso, e Osvaldo, lesionado. E valeu até mesmo a aproximação do
terceiro colocado, Grêmio, que empatou e tem agora dois pontos a mais.
E também causou a tristeza de 31.599 torcedores fanáticos pelo Sport.
Esperançosos após dois triunfos consecutivos, eles lotaram a Ilha do
Retiro e até se animaram com o gol de Gilberto, logo no início, e com as
chegadas rápidas pelas laterais. Mas a precisão de Lucas, a falha
incrível de Saulo, que soltou a bola nos pés do atacante são-paulino, e
erros imperdoáveis do time ainda no primeiro tempo fizeram a esperança
virar desespero. A apatia no segundo tempo não era de quem precisava
vencer a qualquer custo.
O Sport só volta aos gramados no outro domingo, em São Januário, contra
o Vasco. Mais um confronto difícil na luta para ficar na Série A,
apesar da queda livre dos cariocas. O Leão é o 17º colocado, quatro
pontos atrás do Bahia, primeiro fora da zona de rebaixamento. Já o São
Paulo não terá uma semana de folga. Na quarta-feira, a equipe entrará em
campo pela Copa Sul-Americana, em Santiago, contra a Universidad de
Chile. E no Brasileirão, o próximo confronto será contra ninguém menos
que o líder Fluminense, também no domingo, no Morumbi.
Tudo errado para Saulo, tudo certo para Lucas
Saulo entrou em campo ovacionado pela torcida do Leão, ainda emocionada
com as lágrimas derramadas pelo goleiro após defender pênalti contra o
Atlético-GO, na rodada anterior. Lágrimas de alegria que virariam de dor
e vergonha na semana seguinte.
O goleiro deve ter se animado com seu início, ao espalmar chute forte
de Rafael Toloi, e outro bem colocado por Douglas. E também com o início
do Sport. Nos cumprimentos, Rogério Ceni havia dito a Cicinho,
companheiro de tantos títulos em 2005, que era um prazer revê-lo. Prazer
que virou incômodo nas bolas paradas do lateral-direito, agora no Leão.
Ele bateu escanteio na cabeça de Gilberto, que abriu o placar. Logo em
seguida, a parceria se repetiu em cobrança de falta, mas Ceni conseguiu
espalmar com o pé.
Atrás no placar, o Tricolor melhorou. Maicon foi centralizado e Douglas
passou a ser o "novo Osvaldo", aberto pela esquerda. O time se acertou e
a maré de Saulo começou a mudar quando Lucas acertou um chute
improvável, de longe. Um golaço! Só não tão improvável quanto seu
segundo gol. No cruzamento de Luis Fabiano, a bola parecia dominada nas
mãos do goleiro, mas escapou. E caiu nos pés de Lucas. Festa da minoria
na Ilha. Desespero da maioria, principalmente de Saulo, que voltou a
fazer cara de choro ao se desculpar com as arquibancadas.
Como se não bastasse, até quem estava a favor resolveu jogar contra.
Após boa tabela de Cortez e Luis Fabiano, muito participativo, Rivaldo
tentou cortar e encobriu o próprio goleiro, marcando contra o terceiro
gol são-paulino. O nervosismo do Sport era nítido. O São Paulo parou de
dar espaços e os anfitriões não chegaram mais pelas laterais, onde
Cicinho e Renê deram muito trabalho nos minutos iniciais.
Rogério Ceni consola Saulo após falha do goleiro
do Sport no primeiro tempo (Foto: Reprodução)
Vitória que só não virou goleada ainda no primeiro tempo porque Douglas
perdeu chance incrível. De bom mesmo para Saulo, só o abraço consolador
de Rogério Ceni antes de irem para o vestiário. E a compreensão dos
torcedores.
Hat-trick e tranquilidade
Rivaldo, que era vaiado a cada toque na bola depois do gol contra, nem
voltou. Entrou Marquinhos Gabriel. Mas não mudou a apatia do Sport, que
já entrou em campo derrotado no segundo tempo. Para quem precisava fazer
dois gols para empatar e amenizar a desesperadora situação da tabela, a
equipe não teve o menor poder de reação. Hugo, pela esquerda,
esbravejou com os parceiros. Não adiantou nada.
Maicon, que dava a cadência ao meio-campo do São Paulo, teve de sair,
lesionado. Ney Franco optou por Ademilson, demonstração clara de que
apostava no contra-ataque para ampliar a vantagem. Aposta certeira!
Não com Ademilson, mas com a dupla de craques que pode levar a equipe à
Libertadores do ano que vem. Lucas, pelo meio após a mudança, tabelou
com Luis Fabiano e deslocou Saulo. Mais um do camisa 7 e tranquilidade
para os visitantes.
O jogo, muito aberto desde o início, finalmente ganhou ritmo mais
lento. Satisfeito com a vitória, o São Paulo tentou administrar e ainda
teve uma ótima chance com Luis Fabiano. Ele poderia ter tocado para
Rhodolfo, mas imagine como se sente um artilheiro nato quando seu time
faz quatro gols e nenhum é dele. O Fabuloso tentou o cantinho, errou, e
ouviu seu nome gritado pelos tricolores, como de costume.
No Sport, Hugo seguiu ditando o ritmo. Primeiro, recebeu na entrada da
área, bateu com força e obrigou Rogério a fazer uma defesa
impressionante. Depois, em cobrança de pênalti sofrido por Gilberto,
marcou um merecido gol. Nem comemorou. Ou por já ter sido campeão pelo
São Paulo, em 2007 e 2008, ou porque o time da casa não tinha muito a
comemorar.
Por Alexandre Lozetti
São Paulo - GLOBOESPORTE.COM
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