Dubeux acertou saída do diretor de futebol Cícero Souza há três dias (Foto: Divulgação/Sport)
Diretor de futebol afirma que rebaixamento do Leão abreviou sua
gestão à frente do clube e garante que trabalho teve resultados
positivos.
Cicero Souza, ex-diretor de futebol do Sport, oficializou a saída do
clube nesta sexta-feira. De acordo com ele, tudo foi decidido três dias
atrás, em reunião com o presidente Gustavo Dubeux. Com contrato vencendo
dia 31 de dezembro, Cícero continua o trabalho até lá, resolvendo
questões burocráticas.
Consciente de que os resultados em campo não
foram satisfatórios, ele apontou o rebaixamento à série B como fator
determinante para que o ciclo na Ilha do Retiro chegasse ao fim.
- O rebaixamento foi ruim. Se não caíssemos, certamente eu passaria a
ter mais espaço dentro do clube para trazer ainda mais avanços. Ter uma
queda no currículo traz muito mais pressão não só pra mim, mas para
todos envolvidos no processo. Percebi que havia um desgaste natural e
percebi que havia chegado a hora de sair.
Maluf, Cícero Souza e Guilherme Beltrão fora do
Sport (Foto: Daniel Santana / GloboEsporte.com)
Apesar de contestado pela torcida, Cícero afirma que deixou um legado para o Sport.
O rebaixamento foi ruim. Se não caíssemos, certamente eu passaria a
ter mais espaço dentro do clube para trazer ainda mais avanços"
Cícero Souza
- O nosso departamento médico passou a ser atuante. Previne lesões.
Temos uma academia de primeiro mundo, um departamento de fisioterapia
invejável. O próprio trabalho da assessoria de imprensa é muito mais
valorizado que antes. As categorias de base também sofreram uma
transformação. Nossa equipe sub-20 participa dos principais torneios
nacionais. Temos garotos do juvenil na Seleção Brasileira. Vejo tudo
isso como um legado.
No entanto, o dirigente entende que não foi capaz de fazer com que essa
estruturação se refletisse em bons resultados dentro de campo. Com ele à
frente do futebol, o time perdeu o Campeonato Pernambucano, foi
eliminado na Copa do Brasil de forma vexatória para o Paysandu e
terminou o ano rebaixado para a segunda divisão do Brasileiro.
- O primeiro grande erro é que trocamos muito de treinador e isso é
ruim para a condução de qualquer trabalho. Mas não vou citar nomes nem
nada. As decisões eram tomadas em conjunto, portanto essas trocas foram
escolhas do Sport. Acontece que a forma que essas escolhas eram feitas
às vezes levava em conta a opinião de muitas pessoas, inclusive que não
tinham relação com o futebol, não viviam o dia-dia do clube. Esse foi o
segundo grande erro.
O primeiro grande erro é que trocamos muito de treinador e isso é ruim para a condução de qualquer trabalho"
Cícero Souza
Na opinião de Cícero Souza, a maneira de tratar com a imprensa e com os
dirigentes também contribuiu para que o trabalho à frente do Sport
precisasse ser interrompido.
- Podemos dizer que foram dois erros meus. Talvez não erros, mas
convicção. Fui frio com a imprensa, mas por acreditar que precisava me
reportar aos meus superiores. Para falar com a imprensa já existia a
assessoria. Outra coisa é que nunca aceitei que pessoas não ligadas ao
futebol se intrometessem no trabalho. Sempre deixei isso claro. Ao que
parece, essas pessoas tinham uma influência maior do que eu esperava -
confessou.
Se o relacionamento com a imprensa era frio, com funcionários e clubes
parece diferente. Com os olhos marejados, falou com carinho da torcida,
dos funcionários e dos jogadores com os quais trabalhou.
- Tenho uma relação fraternal com os funcionários do Sport. Quanto aos
jogadores não tenho nem o que falar. Vários me ligaram hoje, querendo
saber como eu estava. A cada 100 atletas, me dou bem com 99. Se nesse
universo um não gosta de mim, da forma profissional que lido com as
coisas, prefiro me focar nos outros 99.
Apoio de outros diretores
Contratado com aval do presidente Gustavo Dubeux, Cícero parecia gozar
de prestígio também junto a outros nomes importantes do Sport. Dois
deles - Aluísio Maluf e Guilherme Beltrão, fizeram questão de comparecer
à entrevista coletiva para mostrar 'solidariedade' ao companheiro. Os
dois, aliás, também entregaram o cargo e não são mais dirigentes do
Sport.
- Viemos aqui para combater essa injustiça que estão cometendo. Cícero
não foi o único vilão pelo Sport ter caído, longe disso. É um excelente
profissional com grandes feitos. Graças a ele que pudemos trazer
jogadores como Hugo, que vieram para o clube em função de um bom
relacionamento com o Cícero - comentou Guilherme Beltrão.
Aluísio Maluf foi mais além. Para ele o trabalho de Cícero Souza pode
ser considerado um marco zero na administração do futebol leonino.
- Teremos o antes e depois de Cícero Souza. Os avanços que ele trouxe
para o clube são notórios. E, embora não tenha se dado tão bem dentro de
campo, é preciso lembrar que o São Paulo, por exemplo, passou sete,
oito anos na década de 80 sem ganhar nada, mas se estruturando. Vejo que
o Sport assim também.
Por Daniel Santana
Recife - GLOBOESPORTE.
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