Amélia 'cantou' que Saulo pegaria o pênalti, mas ficou atônita com o gol de Araújo no segundo tempo (Foto: Daniel Gomes/Globoesporte.com/PE)
GLOBOESPORTE.COM acompanhou torcedora no clássico com o Náutico. No fim, Amélia Bastos mostrou amor ao Leão: 'Ano que vem tem mais'.
Antes de baixar a guarda no fim do jogo, Amélia foi uma das torcedoras do Sport mais animadas em campo. No meio de tantos torcedores, uma das poucas mulheres presentes tinha o papel de líder. Ela puxava os gritos de guerra e era uma das mais empolgadas.
(Foto: Daniel Gomes/Globoesporte.com/PE)
Previsões eram o forte antes de a bola rolar. O clima no Recife, que variava entre a chuva e o mormaço, foi alvo das reclamações da torcedora. O milagre recente do acesso na Série B do ano passado, em Goiânia (vitória por 1 a 0 sobre o Vila Nova-GO), estava fresco na memória.
- Estava chovendo, mas parou. Era pra continuar chovendo, eu quero chuva. Foi assim que a gente subiu no ano passado. E fora de casa, contra um time alvirrubro. Seria perfeito.
Foi em Goiânia que uma promessa nasceu: caso o Sport subisse, Amélia iria homenagear Nossa Senhora Aparecida - a quem fez o pedido - em todos os jogos do Leão.
- Fiz uma promessa e cumpro com o maior prazer. Em todos os jogos, eu vou de azul por causa de Nossa Senhora Aparecida. Tudo isso por causa do acesso. Ano passado, eu não ia para o jogo contra o Vila Nova. A passagem estava muito cara, mas uma amiga minha achou uma mais barata, no apagar das luzes, e eu ainda podia dividir em 10 vezes. Não pensei duas vezes. Aquilo só aconteceu porque eu tinha que ir. O milagre começou ali.
Com mais uma decisão pela frente, Amélia revela que o corpo pediu por um alento. A preparação para o clássico começou cedo, à base de remédios.
- Já tomei remédio para reforçar o cálcio no meu corpo. E também tomei para me acalmar. Estou precisando. Hoje vai ser difícil, mas vamos superar tudo.
- Tudo pelo Sport. É hoje que a gente fica na Série A. Não passa outra coisa pela minha cabeça. Não penso em Série B. Só penso no Sport ganhando esse clássico.
Os dois times entram em campo e os seus amigos avisam de antemão que ela é a rainha dos chiliques. Enérgica ao extremo, Amélia começa a mostrar os seus primeiros "truques".
- Em todo jogo eu faço isso. Fecho o nosso gol, abro o gol do adversário e passo energia positiva pros jogadores - diz, fazendo gestos com as mãos.
Os dedos trabalharam o jogo todo. Os gestos ficaram repetitivos. O Sport começou o jogo nervoso e Amélia também.
- O Sport não está bem, meu Deus. O que está acontecendo com esse time?
- Saulinho vai pegar. Eu sou mais ele - diz mostrando uma intimidade característica de uma tia.
E o "Saulinho", o goleiro do Sport de 1,98m, defendeu. A arquibancada explodiu. E Amélia tinha uma pergunta fixa em mente.
O segundo tempo começou e ela manteve a fé. O tempo foi passando e o incentivo ao elenco foi murchando. A preocupação veio à tona. O gol de Araújo, aos 19 minutos da etapa final, foi o primeiro duro golpe.
- Ai, meu Deus! Minha Nossa Senhora Aparecida... Nós vamos virar, eu ainda acredito - garante, enquanto uma lágrima se desenha no canto do olho.
O retrato do rebaixamento vai sendo pintado. A derrota do Bahia, que ela tanto esperava, não acontecia. A Ponte Preta também não ajudava. Com pouco mais de cinco minutos para terminar o Clássico dos Clássicos, o rebaixamento virou realidade.
- Eu não sei o que estou fazendo aqui. Mas só saio quando o jogo termina. Tenho esse costume.
O jogo terminou. O sonho acabou e a festa teve seu fim decretado. E a expressão é a pior possível. Mas Amélia não desiste fácil. Muitos gols serão fechados e abertos pelos gestos da rubro-negra. Nossa Senhora Aparecida que se prepare para mais promessas.
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