O volante Rodrigo Souza, do Boa Esporte, deixou o campo da Ilha do
Retiro na noite deste sábado extremamente chateado. E não foi por sua
equipe ter cedido o empate nos acréscimos ao Sport. Substituído no
segundo tempo, o atleta envolveu-se em um bate-boca com alguns
rubro-negros que estavam nas arquibancadas e acusou um dos torcedores de
racismo. Segundo o jogador, um torcedor do Sport o chamou de macaco.
Ele pediu a ajuda dos policiais militares para deter o acusado e
encaminhá-lo ao Juizado Especial Cível e Criminal do Torcedor (Jetep).
- Não posso deixar uma situação como essa passar. Sou negro e tenho
orgulho de ser. Não pode um torcedor vir para o campo e te xingar dessa
forma. Espero que ele pague pelo que fez e que minha atitude sirva de
lição para quem se sentir ofendido por esse tipo de gente.
Douglas Brito, irmão do acusado Diogo Brito, afirmou que não houve
crime. Ele disse que os torcedores estavam provocando o rival sem
ofensas racistas quando a confusão aconteceu.
- Ninguém chamou ele de macaco. Toda a confusão aconteceu por conta do
médico da outra equipe, que fez gesto obsceno para a nossa torcida. Aí,
houve provocações e quando percebemos a polícia estava lá.
Rodrigo Souza diz que foi chamado de macaco
(Foto: Aldo Carneiro / Pernambuco Press).
Apesar da negativa do rubro-negro, a juíza Ana Maria Borba decidiu
encaminhar o torcedor para uma delegacia da Polícia Civil, onde uma
fiança será estipulada para que Diogo Brito seja liberado. Caso
contrário, o rubro-negro será encaminhado para um presídio. De acordo
com a juíza, ele pode ser enquadrado por injúria racial e não de
racismo, que é considerado crime inafiançável.
- Como o crime é de injúria racial, o Juizado do Torcedor não pode
julgar. Pois tem uma pena de até três anos e aqui a gente julga casos de
até dois anos. Com isso, nós iremos encaminhar o acusado para a Polícia
Civil e ele terá que pagar uma fiança. Uma vez que o crime é
afiançável. Caso ele não pague, terá que ser encaminhado para o
presídio.
O delegado Paulo Roberto, que estava na delegacia móvel na Ilha do
Retiro, tomou depoimentos do acusado e do seu irmão, além do atleta e de
integrantes da comissão técnica do Boa Esporte e de policiais militares
que estavam no campo. Como não havia nada que comprovasse o flagrante,
ele decidiu liberá-lo, mas garantiu que seguirá investigando o caso.
- Ouvimos o policiamento que estava no local e eles não ouviram nem
presenciaram a injúria. Pedimos as imagens da TV, que até o momento não
detectaram nenhuma injúria. O que temos até agora são dois torcedores do
Sport e três integrantes da comissão técnica do Boa com versões
diferentes. Então, vamos abrir o inquérito para investigação onde iremos
solicitar as imagens da TV recuperadas e caso seja confirmada a injúria
abriremos um processo, mas ele será liberado por falta de provas. Seria
temerário autuá-lo em flagrante quando não há elementos para comprovar o
flagrante.
Por Elton de Castro
Recife - GLOBOESPORTE.
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