- Sempre que vou lá o prefeito faz muita festa, ele gosta muito de mim. No final do ano tem o campeonato piranhense e sou eu que entrego a taça de campeão. Só o fato de eu estar aqui na seleção já é muito importante para toda a cidade. E daqui para a seleção principal é um pulo - anima-se o goleiro do Sport, de 20 anos.
Piranhas foi fundada no século 19 e ficou famosa por ter sido a cidade onde a cabeça de Lampião ficou exposta depois que ele foi decapitado. Mas Saulo não sabe explicar bem a origem do nome que rende tantas piadas dos companheiros de outros estados. A história que ele conta mais parece de pescador.
- Pelo que sei a cidade tinha um outro nome, mas aí um pescador pegou uma piranha enorme e a cidade mudou de nome. Hoje ela é dividida em Piranhas Velha, onde o Lampião passou, e Piranhas Nova. Todo mundo brinca quando eu conto isso - diverte-se.
O início da trajetória de Saulo como goleiro começou meio por acaso, à força. Por causa de sua altura (hoje ele tem 1,98m), era obrigado a jogar no gol desde cedo.
- O pior é que eu tinha nove anos e me botavam para jogar com garotos de 17, 18, porque eu já era grande. E sempre que eu tomava gol levava bronca e acabava chorando - relembrou.
E todas as vezes que isso acontecia, Saulo corria para os braços da mãe, Maria Simone, que foi sua força no passado e é a sua inspiração para o futuro.
- Minha mãe é uma guerreira, me criou sozinha. Meu pai saiu de casa quando eu tinha dois anos e ficamos só nós dois. Ela trabalhou muito, lutou muito para conseguir me criar. Nunca mais tive contato com o meu pai. Sei quem ele é e até tenho vontade de conhecê-lo melhor, sim. Ele já disse para um tio meu que quer falar comigo também, mas ainda não tive tempo de ir até lá - conta.
Saulo chegou ao Sport em 2006, subiu para os profissionais com 18 anos e hoje é o terceiro goleiro, atrás dos "amigos e professores" Magrão e Cléber. Os sonhos dele são como os de qualquer outro jogador de futebol: primeiro fazer um jogo oficial pelo clube, um dia virar titular, quem sabe conseguir uma transferência para o exterior e uma vaguinha na seleção principal. Mas além disso há outro objetivo que ele espera cumprir em breve - se formar em educação física.
- Minha mãe gostaria muito de me ver formado. Ela sempre se orgulhou muito dos meus estudos e me cobra até hoje por eu ter parado, diz que eu tenho que pensar no meu futuro e não posso querer saber apenas de futebol. Vou tentar fazer um supletivo pra dar essa alegria à ela - diz Saulo, piranhense de nascença e brasileiríssimo na simplicidade.
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