Sport paga dívida com babalorixá na esperança de conseguir o tão sonhado título estadual
Ao misturar de maneira oficial (o pagamento foi autorizado pelo presidente Gustavo Dubeux) futebol com religião, a diretoria rubro-negra escancara seu grau de desespero com a má fase do time, seriamente ameaçado de ser eliminado ainda na primeira fase do Pernambucano. Senão o maior, o adeus precoce ao sonhado hexa seria certamente um dos maiores vexames da história do clube.
A história começa com o título da Copa do Brasil. Há aproximadamente três anos, um torcedor contratou os serviços do babalorixá com o objetivo de ´assegurar`a inédita conquista. Até hoje o nome do empresário é mantido em sigilo. Segundo Pai Carlos, depois da confirmação do título, Exu, entidade que teria "ajudado" o Sport, pediu uma oferenda em troca ao clube. "Exu queria um búfalo, mas é complicado achar por aqui. Então ele aceitou um boi mesmo. O pagamento tinha que vir do clube, não podia ser de torcedor", disse.
De acordo com Pai Carlos, o dinheiro será totalmente revertido para a compra de um boi. O babalorixá garante que vai conversar com Exu para evitar o sacrifício do animal. "Se ele autorizar, prefiro doar o boi para uma entidade filantrópica." As ameaças de torcedores têm sido frequentes. "Eles dizem que vão me mandar para o Cotel, que não posso matar o boi. Se for assim, terão que prender todos os babalorixás."
O ritual será realizado no mesmo terreiro visitado na terça pela reportagem do Superesportes. Apesar de ainda não ter sido agendado, deve ocorrer até a próxima sexta-feira. Uma cerimônia a portas fechadas, com cerca de quatro horas de duração, que deve contar com a presença de 25 pessoas.
Em 1999, em meio à pior crise de sua história, o Náutico também pagou um boi. Em vez do Pai Carlos, ao Pai Edu. Com o clube afundado na Terceira Divisão, os dirigentes do clube resolveram saldar uma dívida antiga com o babalorixá.
Pai Edu foi contratado para ajudar o Náutico a ser campeão pela primeira vez em 1963. Dispensado no início de 1967, foi chamado às pressas para "recuperar" o time. O Timbu foi novamente campeão. Mas o boi não foi pago. Em 1968, os dirigentes quiseram quitar a dívida, mas a entrega de um boi castrado não satisfez o pai de santo. De 1968 a 1998, o Náutico conquistou apenas quatro títulos.
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