Barcos no julgamento, acompanhado de César Sampaio (Foto: Ralff Santos / Futura Press / Agência Estado),
Auditores negam pedido de impugnação da vitória colorada por 2 a 1
em julgamento de duas horas. Verdão continua sob sério risco de
rebaixamento.
Depois de uma sessão cansativa e que durou mais de duas horas, o STJD
decidiu manter a vitória do Internacional por 2 a 1 sobre o Palmeiras,
dia 27 de outubro, pelo Campeonato Brasileiro. O Verdão entrou com
pedido de impugnação da partida com a alegação de que um gol de mão de
Barcos teria sido anulado com ajuda de recursos externos – algo proibido
pela Fifa (assista ao vídeo). Por nove votos a zero, os auditores e o
presidente Flávio Zveiter negaram o pedido dos palmeirenses.
A decisão tomada nesta quinta-feira não é passível de recurso, e por
isso o clube paulista terá de acatar a definição dos tribunais. Dessa
forma, a CBF vai retirar o asterisco que consta na tabela do
Brasileirão. O Inter continua com 51 pontos, na sexta posição, enquanto o
Palmeiras fica com 33, a sete de sair da zona de rebaixamento, faltando
quatro rodadas para o término da disputa por pontos corridos.
Apesar de todos os esforços do Palmeiras, os auditores do STJD
consideraram que não houve provas suficientes que mostrassem a
interferência do delegado Gerson Baluta na anulação do gol. O clube
paulista se baseava no depoimento de uma repórter, que teria sido
interpelada por Baluta para falar se o gol tinha ou não sido irregular.
Além disso, o Tribunal rejeitou todo o material reunido pelos advogados
alviverdes - recortes de jornais e um vídeo com leitura labial do
árbitro após o lance - alegando que tais provas foram apresentadas
apenas nesta quinta-feira, o que poderia significar uma vantagem ao
Verdão.
– Se essa partida for remarcada, quem vai apitar? Vai ser portão
fechado? Porque vai dar morte. Anular a partida é um absurdo – afirmou o
procurador Paulo Schmitt.
O árbitro Francisco Carlos Nascimento comemorou o desfecho da história.
– Feliz com o resultado. Agradeço a quem me deu apoio, como a Comissão
de Arbitragem e meus familiares. Agradecer aos que não duvidaram da
minha palavra.
O Verdão enviou uma comitiva ao Rio de Janeiro para acompanhar o
julgamento. Além de Barcos, que deu seu depoimento sobre o lance,
estavam presentes o presidente Arnaldo Tirone e o gerente de futebol
César Sampaio. O Inter foi representado pelo advogado Daniel Cravo, que
estava satisfeito com a manutenção do placar do jogo.
– É um resultado que já esperávamos, não trabalhávamos com outra
hipótese. Acho que a presença dos árbitros foi determinante também. Não
houve divergências. Não havia nenhuma prova para o que o Palmeiras
alegava. Diziam que uma repórter havia falado com o delegado, e que
isto, em efeito cascata, teria influenciado na decisão de anular o gol.
Isso não foi provado.
O julgamento
Às 11h12m, o presidente Flávio Zveiter declarou aberta a sessão do
Tribunal Pleno do STJD. Logo de cara, um baque para o Palmeiras: o
relator Ronaldo Botelho indeferiu documentos apresentados de "última
hora" como evidências alviverdes para tentar anular o jogo. Entre as
provas indeferidas, está a leitura labial contratada pelo clube para
desvendar o diálogo entre os árbitros. Sendo assim, apenas as
testemunhas e os vídeos puderam ser usados.
O julgamento começou com os depoimentos das testemunhas. O advogado
José Mauro do Couto, do Palmeiras, apresentou o vídeo com o lance
polêmico, com imagens da TV Bandeirantes. Na transmissão, a repórter
Taynah Espinoza disse que o delegado do jogo, Gerson Baluta, perguntou
aos repórteres se o gol de Barcos foi ou não com a mão. O lance foi
repetido à exaustão, também com imagens da TV Globo.
Às 11h47m, Barcos foi chamado para dar seu depoimento. Ele admitiu que
tocou com a mão na bola, mas só o fez porque foi puxado pelo zagueiro
Índio e teria sofrido pênalti. Indagado pelo procurador Paulo Schmitt, o
Pirata disse que não ouviu em campo qualquer comentário sobre a
possível interferência externa para anular o gol – e ainda disse que
comemorou o gol como sendo dele próprio, e não de Maurício Ramos, que
também estava na jogada.
Arbitragem também presente no STJD
(Foto: Fred Huber/Globoesporte.com)
Logo depois, foi a vez de o árbitro Francisco Carlos Nascimento falar,
em argumentação que já era esperada. Ele disse que realmente validou o
gol de Barcos por achar que tinha sido de cabeça, mas que logo recebeu a
comunicação do quarto árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima. E disse ter
consciência de que os árbitros não podem receber informações externas. O
longo tempo de paralisação, segundo ele, foi por causa das reclamações
dos dois times.
– Acho que não demorou mais do que 12 segundos (o chamado do quarto
árbitro). Acho que a partida ficou uns cinco minutos parada. Houve
tumulto por causa da reclamação dos jogadores – disse Francisco Carlos
Nascimento.
O juiz ainda sustentou que não deu cartão amarelo para Barcos porque o
quarto árbitro não conseguiu ver com clareza quem havia tocado com a mão
na bola. Nascimento questionou Jean Pierre sobre o autor da infração,
mas ele não soube responder. Sobre a súmula, que relatou que "nada houve
de anormal", os árbitros afirmaram que os lances técnicos não são
registrados no documento, só casos disciplinares.
Na sequência, Jean Pierre e o delegado Gerson Baluta também deram
depoimentos sustentando a tese de que o gol anulado não teve qualquer
interferência externa . Baluta, inclusive, citou que jamais permitiu que
um monitor de TV ficasse perto do campo – ele diz já ter retirado um
aparelho em um jogo do Vasco, em São Januário. Já o quarto árbitro
afirmou que viu um "jogador de branco" tocando com a mão na bola, e que a
decisão da anulação foi exclusivamente dele.
Mais de uma hora após o início da sessão, às 12h35m, os advogados dos
dois clubes fizeram suas defesas. Cada um teve 15 minutos de explanação –
José Mauro do Couto, pelo Palmeiras, e Daniel Cravo, pelo Inter. Por
fim, o procurador Paulo Schmitt deu seu depoimento com contundência.
Para ele, anular o jogo seria um absurdo, já que o Palmeiras estaria
pedindo a impugnação só por estar em situação complicada no Brasileirão.
– Se isso acontecer, tem de pegar o boné e ir embora – disse.
Passadas duas horas de julgamento, a votação começou. O relator Ronaldo
Botelho disse que não havia como provar que o delegado teve
interferência na anulação do gol, apesar de depoimentos sugerirem o
contrário. Todos os outros auditores acompanharam o voto de Ronaldo,
acabando com as esperanças palmeirenses. Flávio Zveiter deu o voto
final, construindo o placar de nove a zero pela manutenção do resultado.
Por Fred Huber
Rio de Janeiro - GLOBOESPORTE.
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