A vitória melhora um pouco o retrospecto do Brasil contra o Uruguai no Estádio Centenário. Foram 21 jogos, com oito vitórias uruguaias, dez empates e apenas três vitórias brasileiras (a de 4 a 0 deste sábado, e outras duas por 2 a 1: em 1932, com dois gols de Leônidas da Silva; e em 1976, gol de Nelinho e Zico). O resultado também comprovou o bom momento da seleção como visitante nestas eliminatórias. Em sete jogos fora de casa na competição foram três vitórias - Chile, Venezuela e Uruguai -, três empates - Colômbia, Peru e Equador - e só uma derrota para o Paraguai.
O Brasil, finalmente, também conseguiu voltar a vencer dois jogos seguidos nas eliminatórias. A equipe vinha de um triunfo em casa sobre o Peru, em Porto Alegre. A última vez que isso havia acontecido foi no primeiro turno das eliminatórias da Copa de 2006 quando o Brasil ganhou da Bolívia e da Venezuela.
Na próxima quarta-feira, Brasil e Paraguai se enfrentam no Recife, às 21h50m (horário de Brasília). Menos de mil ingressos ainda estão à venda para a partida no estádio Arruda.
Goleiro uruguaio leva um frango histórico
Com a bola rolando, o Brasil parecia sentir dificuldades para tocar a bola. O gramado estava muito ruim. Na véspera da partida, funcionários da Associação Uruguaia de Futebol pintaram o campo de verde para maquiar o estado da grama. A seleção insistia em passes longos. E em um chute despretensioso de Daniel Alves, a 40 metros do gol, o Brasil abriu o placar aos 11 minutos. O lateral arriscou, a bola não ganhou muita força. Mas quicou e enganou o goleiro Viera. Um frangaço. Após o lance, o goleiro uruguaio colocou a mão nos olhos parecendo não acreditar no que havia acontecido. Na comemoração, o lateral beijou uma tatuagem que tem da esposa Dinorá no braço direito. Foi o segundo gol do jogador do Barcelona pela seleção brasileira.
Os torcedores brasileiros aproveitaram para devolver as provocações e gritaram olé. Mas o Uruguai passou a dominar a partida. Sorte brasileira que Pereira furou um chute dentro da área de forma impressionante. Aos 14 minutos, Pérez recebeu na área e tocou na saída de Júlio César. O árbitro marcou corretamente o impedimento e anulou o gol.
Daniel Alves apareceu novamente duas vezes de forma decisiva. Mas agora para salvar a seleção. Aos 18 minutos, após cobrança de falta, Eguren desviou de cabeça e Pereira apareceu livre para marcar o gol na segunda trave. Mas o lateral conseguiu se antecipar e mandar a bola para escanteio. Logo depois, Forlán chutou cruzado, a bola passou por todo mundo na área, inclusive o goleiro Júlio César, e Suárez estava pronto para tocar para o gol. Mas Daniel Alves, de carrinho, evitou mais uma vez o gol uruguaio.
Ao tentar ajudar a defesa, Luís Fabiano fez falta dura em Suárez. E recebeu o cartão amarelo. Com isso, o atacante está suspenso da partida contra o Paraguai, na próxima quarta-feira, no Recife. Aos 32 minutos, Luís Fabiano recebeu passe de Kaká e área e foi derrubado por Godín. O árbitro argentino Saúl Laverni não marcou nada e prejudicou a seleção.
Mas a seleção celeste não desanimou. Aos 38 minutos, Júlio César mostrou porque é um dos melhores goleiros do mundo na atualidade. Alvaro Pereira recebeu livre na área e tocou na saída do goleiro. Mas o brasileiro espalmou para escanteio e salvou o Brasil. No final do primeiro tempo o Uruguai ainda perdeu uma chance incrível. Suárez invadiu a área e chutou. Júlio César defendeu. No rebote, o atacante tocou para fora.
E o primeiro tempo terminava quente apesar do frio na capital uruguaia. Após receber uma falta dura de Pérez, Robinho se desentendeu com o marcador. Os dois foram para o vestiário discutindo. Kaká precisou chegar para afastar o brasileiro.
Segundo tempo
Em um contra-ataque, Kaká tocou para Elano, que ameaçou o chute, mas rolou para Luís Fabiano. O atacante entrou na área e soltou a bomba no ângulo do goleiro Viera. Um gol com o faro do artilheiro. Brasil 3 a 0. Festa no Centenário. Foi o sétimo gol do Fabuloso nas eliminatórias. Ele se aproximou da artilharia da competição. Botero, da Bolívia, lidera com oito gols.
Logo depois quase saiu o quarto gol. Robinho entrou na área e chutou cruzado. Mas a bola foi para fora. O Uruguai se entregou. Forlán arriscou um chute de fora da área e Júlio César espalmou para escanteio. Mas a seleção celeste não tinha mais o entusiasmo do primeiro tempo.
O Brasil seguiu muito melhor, ameaçando os uruguaios com perigosos contragolpes. Luis Fabiano saiu livre na cara de Viera e teve a chance de ampliar, mas o chute do Fabuloso saiu rente à trave direita do goleiro.
Num lance bobo, o Brasil acabou ficando com um a menos em campo, aos 19 minutos. Luis Fabiano foi lançado no lado direito da área e o goleiro Viera mergulhou nos pés do brasileiro. O Fabuloso saltou por cima do uruguaio e caiu no chão. A arbitragem interpretou o lance como simulação de pênalti e aplicou o segundo cartão amarelo.
Logo na sequência, Dunga fez sua primeira substituição, ao trocar Elano por Ramires. Apesar de levar algum perigo em bolas altas, o Uruguai não conseguiu tirar o zero do placar.
Aos 29 minutos, a seleção deu o tiro de misericórdia. Daniel Alves lançou Kaká na área, e o camisa 10 foi derrubado por Godín. O próprio Kaká bateu com estilo e fez 4 a 0 para o Brasil.
A partir daí, o Uruguai tentou de todas as formas fazer um gol de honra. Mas o goleiro Julio César estava em tarde inspirada e não deu sopa para a Celeste. Aos 35, o arqueiro fez defesa espetacular em cabeçada de Abreu. No rebote, voltou a operar um milagre em chute de Suárez.
O próprio Abreu teve outra chance para diminuir, aos 38, mas encheu o pé na pequena área e a bola triscou a trave antes de sair. Satisfeito com o resultado, Dunga tratou de sacar Kaká e Robinho, seus maiores craques, e lançou Josué e Julio Baptista.
A quatro minutos do fim, o Uruguai também ficou com dez em campo. Maxi Pereira deu um chute em Ramires e levou o cartão vermelho direto. O próprio uruguaio reconheceu que se excedeu no lance e tratou de se desculpar com Ramires. Houve um princípio de confusão entre os jogadores, rapidamente dissipado.
Daí até o fim, o Brasil tocou a bola e administrou o resultado.
URUGUAI 0 x 4 BRASIL | |
Viera, Maxi Pereira, Valdez, Godín (Cavani) e Martín Cáceres; Jorge Martínez, Diego Pérez, Eguren e Alvaro Pereira (Alvaro Fernández); Suárez e Forlán. | Julio César, Daniel Alves, Lúcio, Juan, Kleber; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká (Josué); Robinho (Julio Baptista) e Luis Fabiano. |
Técnico: Oscar Tabárez. | Técnico: Dunga. |
Gols: Daniel Alves, aos 11, e Juan, aos 35 minutos do primeiro tempo; Luis Fabiano, aos 7 minutos, e Kaká, aos 29 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Valdez e Eguren (URU). Cartões vermelhos: Luis Fabiano (BRA) e Maxi Pereira (URU). | |
Estádio: Centenário, Montevidéu (URU). Data: 06/06/2009. Árbitro: Saúl Laverni (ARG). Auxiliares: Gustavo Esquivel (ARG) e Ariel Bustos (ARG). |
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