Os sul-africanos acenderam a esperança em Bloemfontein com Khumalo e Mphela, fazendo 2 a 0 – faltavam outros dois gols para buscar a classificação. Mas a França finalmente balançou a rede no continente africano, com Malouda, e deu números finais à partida. A primeira vitória do brasileiro Carlos Alberto Parreira em Copas no comando de uma seleção estrangeira teve sabor de derrota. Está quebrada a escrita: pela primeira vez, o país sede não consegue avançar. Em Rustemburgo, o Uruguai bateu o México por 1 a 0 e foi adiante como líder da chave. Os adversários da Celeste e dos mexicanos saem da disputa entre Argentina, Coreia do Sul, Grécia e Nigéria.
Na saída do gramado, um episódio antidiplomático que resume bem o clima das duas seleções: Parreira foi cumprimentar o colega Raymond Domenech, e o técnico francês tirou a mão, alegando que o brasileiro tinha falado mal da França anteriormente. Na entrevista coletiva após a partida, Parreira, que foi eliminado pela França de Domenech na Copa de 2006, disse não ter entendido a reação do rival e garantiu que não criticou os Bleus em nenhum momento.
O jogo
Em seu último jogo no comando da França, Domenech resolveu mexer. O técnico, que será substituído pelo ex-jogador Laurent Blanc, fez três trocas no time titular. Anelka, expulso da delegação, e Toulalan, suspenso com o segundo cartão amarelo, ganharam a companhia de Malouda, Govou e do capitão Evra no grupo dos barrados.
Apesar da crise, quem assustou primeiro foi a França. Aos dois minutos, Gignac entrou sozinho na área, mas chutou fraco, nas mãos de Josephs. Foi só. Depois disso, o jogo esfriou, e nem parecia que as duas seleções precisavam desesperadamente da vitória para sobreviver.
O Free State só foi esquentar aos 21 minutos, quando a esperança Bafana acendeu pela primeira vez. Tshabalala cobrou escanteio da direita e a bola cruzou toda a área, deixando na saudade até o goleiro Lloris, que saiu catando borboleta. O zagueiro Khumalo, que esperava na segunda trave, ganhou de Diaby na subida e cabeceou a Jabulani para o fundo da rede. Os franceses reclamaram de falta do sul-africano, que de fato se apoiou no rival, mas o árbitro colombiano Oscar Ruiz apontou o centro do campo: 1 a 0.
Aos 24, os três melhores jogadores franceses na partida apareceram juntos. E, aleluia, deu resultado. Sagna arrancou pelo meio e enfiou a bola para Ribéry, que deixou Malouda livre diante do gol vazio. O meia, que tinha substituído Gignac, balançou a rede para os Bleus pela primeira – e única – vez no Mundial. Por um momento, as vuvuzelas se calaram no estádio.
O gol incendiou a partida, e os dois times partiram para o ataque. Mphela teve outra grande chance aos 24, mas chutou para fora. Um minuto depois, um duro golpe no sonho azul: bola alçada na área dos Bafana, e Gourcuff subiu com o cotovelo no rosto de Sibaya. Cartão vermelho. No banco, o barrado Evra e o preterido Henry se olharam com aquela cara de “o que é que nós estamos fazendo aqui?”.
Aos 43 minutos, outra boa notícia para os donos da casa, mas bem longe dali. Em Rustemburgo, Suárez abriu o placar para o Uruguai contra o México, cenário que deixava os sul-africanos a dois gols da classificação heroica. O sistema de som do estádio, contudo, se manteve em silêncio e evitou mais uma explosão de alegria.
O segundo tempo começou no mesmo tom do primeiro, com Mphela assustando os Bleus. Aos cinco minutos, o atacante recebeu lindo passe de Tshabalala e, de pé direito, matou o goleiro Lloris, mas a bola caprichosamente encontrou a trave.
Domenech, então, olhou para o lado e decidiu que era hora de jogar Henry na fogueira. Corriam 10 minutos do segundo tempo. Com um homem a menos, 2 a 0 contra no placar e a passagem de volta reservada, o atacante colocou a braçadeira de capitão e entrou no lugar de Cissé para tentar salvar a pátria. Nem de longe cumpriu a missão.
A queda de Henry: o atacante foi lançado no segundo tempo, mas pouco produziu
Quem voltou a aparecer foi Mphela, com mais uma bomba de fora de área, que Lloris mandou a escanteio. Aos 17, o atacante apareceu livre pela direita, mas esbarrou outra vez no goleiro.
Dois minutos depois, eis que surge Henry. Para falar a verdade, era melhor ter continuado anônimo. O veterano recebeu a bola pelo alto dentro da grande área, mas não conseguiu matá-la. Pior: levou uma bolada no rosto e ainda ajeitou com a mão esquerda – a mesma mão que colocou a França na Copa e agora volta vazia para casa.
Dali em diante, ninguém chegou a ameaçar de verdade o gol adversário, à exceção de Tshabalala, que pintou livre na cara do gol aos 46 e perdeu a chance de ampliar. A cada minuto que passava, a ficha ia caindo para sul-africanos e franceses. No apito final de Oscar Ruiz, os dois morreram abraçados.
Choro na vitória: a eliminação da África do Sul leva os torcedores às lágrimas no estádio
Lloris, Sagna, Gallas, Squillaci e Clichy; Diarra (Govou), Diaby, Ribéry e Gourcuff; Gignac (Malouda) e Cissé (Henry) | Josephs, Ngcongca (Gaxa), Mokoena, Khumalo e Masilela; Sibaya, Khuboni (Modise), Pienaar e Tshabalala; Mphela e Parker (Nomvethe) |
Técnico: Raymond Domenech | Técnico: Carlos Alberto Parreira |
Gols: Khumalo, aos 21, Mphela, aos 37 do primeiro tempo; Malouda, aos 24 do segundo. | |
Cartão vermelho: Gourcuff, aos 25 do primeiro tempo | |
Estádio: Free State (em Bloemfontein). Data: 22/6/2010. Horário: 11h. Árbitro: Oscar Ruiz (Colômbia). Assistentes: Abraham Gonzalez (Colômbia) e Humberto Clavijo (Colômbia) |
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