Valdéz comemora com Alcaráz o gol paraguaio, enquanto italianos apenas lamentam
Ofensivo como nunca, sofrido como sempre. “Melhor de defesa do mundo”, a Itália abriu mão de suas origens, se “falsificou” de um time que prima pelo ataque, entrou em campo do 4-3-3, mas teve dificuldades em sua estreia na Copa do Mundo da África do Sul. Graças a uma falha do goleiro Villar, a Azzurra empatou com o Paraguai, por 1 a 1, nesta segunda-feira, no Green Point, na Cidade do Cabo, pelo Grupo F.
De Rossi, remanescente do tetracampeonato conquistado há quatro anos, na Alemanha, impediu a derrota, com um gol aos 17 minutos do segundo tempo. Os paraguaios, que pouco apresentaram para quem se orgulha de ter a “seleção mais empolgante de todos os tempos”, abriu o placar com o zagueiro Alcaráz, de cabeça, aos 39 da etapa inicial.
Na próxima rodada, a Azzurra encara a Nova Zelândia, domingo, às 11h (de Brasília), em Nelspruit. Já o Paraguai tem pela frente a Eslováquia, no mesmo dia, em Bloemfontein, às 8h30m. Eslovacos e neozelandeses completam a primeira rodada da chave nesta terça, em Rustemburgo.
Com Pirlo de torcedor, Itália pressiona, pressiona, e nada
Itália começou no ataque, mas criou muito pouco no primeiro tempo
Apontado como um dos estádios mais bonitos da Copa, o Green Point vivia a expectativa de, enfim, ser “batizado” após o insosso 0 a 0 entre Uruguai e França pelo Grupo A. O clima antes da partida, porém, não era dos mais animadores. Se nas arquibancadas paraguaios e italianos esquentavam a torcida empolgados ao som das vuvuzelas, a temperatura de 8 graus e a forte chuva, até de granizo, indicavam uma noite fria.
Com seu maestro, Pirlo, que se recupera de lesão na panturrilha, no banco de reservas, mas apenas para observar a partida, uma Itália “paraguaia” com estilo ofensivo tentou colocar fogo no jogo e partiu para cima no 4-3-3. Se são os melhores defensores do mundo, como garantiu o capitão Cannaravaro, os italianos mostraram que estão longe de meter medo no ataque.
Nem mesmo o evidente nervosismo do Paraguai facilitou as ações da Azzurra, que tiveram supremacia na posse de bola nos 15 minutos iniciais, mas sequer assustaram o goleiro Villar. Contando com seis tetracampeões entre os titulares, os italianos trocavam passes de um lado para o outro e não conseguiam furar o bloqueio guarani. Faltava o pensador. Faltava Pirlo.
Nas laterais, sim, sobrava espaço. Mas aí o que faltava era qualidade para Zambrotta e Criscito, que não acertavam um cruzamento sequer. Substituto do meia do Milan, Montolivo era burocrático nos passes laterais e impreciso nos chutes de fora da área.
Na defesa, um Cannavaro quase que intransponível brilhava nas antecipações e forçava muitos erros de passe dos paraguaios. Na primeira ação ofensiva, no entanto, o Paraguai foi mais incisivo. Aos 20, Vera conquistou escanteio pela direita. Na cobrança, Riveros ficou com rebote, cabeceou em cima de Chiellini e conseguiu novo tiro de campo.
No contra-ataque, a primeira boa chance da Azzurra. Vera se atrapalhou todo no meio de campo deu presente para Montolivo. O jogador da Fiorentina partiu em velocidade, gingou para um lado, para o outro, e mandou um peteleco para o gol. A essa altura, a partida que era monótona tinha ficado eletrizante e teve ainda mais duas boas chances, uma para cada lado, em dois minutos.
Aos 22, Haedo fez o papel de pivô e rolou para Torres chutar mal. Na seqüência, Criscito cruzou da esquerda e Giladirno cabeceou para fora. Quatro minutos intensos, e só. Do lado sul-americano, Valdéz e Barrios não davam opções para os meias. Do lado europeu, muita posse de bola e passes burocráticos.
Alcaráz salva na defesa e decide no ataque
Dessa forma, só uma jogada de bola parada seria capaz de tirar o zero do placar. Aos 28, a Azzurra teve sua chance em cobrança de escanteio, mas Alcaráz, na pequena área, esticou a perna e evitou a conclusão de Iaquinta. Foi o mais perigoso dos inúmeros chuveirinhos italianos durante todo o primeiro tempo.
Apático, o Paraguai tinha em Haedo Valdéz, incansável de um lado para o outro, sua melhor alternativa. E foi justamente com ele que chegou ao gol. Aos 39, o atacante foi derrubado por Chiellini na intermediária. Falta perigosa e cobrada com perfeição por Aureliano Torres. No meio da área, Alcaráz, aquele que evitou o gol de Iaquinta, mostrou que é bom também no ataque.
O zagueiro, que superou Verón na luta pela vaga de titular no último treinamento, aproveitou cochilo do até então perfeito Cannavaro, saltou livre e cabeceou no canto de um incrédulo Buffon. Foi a primeira conclusão certeira do Paraguai. E que conclusão!
Na comemoração, rodinha “albiroja” com direito a dancinha. Se com tudo a favor a Itália já custava para acertar as jogadas ofensivas, a desvantagem se com que a equipe se perdesse até o fim da primeira etapa. Cabisbaixos, os italianos desceram para o vestiário. Reunidos no centro do gramado, os paraguaios se cumprimentaram e discutiram os erros. Ainda tinha mais 45 minutos pela frente.
De Rossi aproveita falha de Villa para evitar derrota
Na volta do intervalo, tudo continuava dando errado para a Itália. Ainda no vestiário, a seleção perdeu aquele que talvez seja sua única unanimidade: Buffon. Com um problema no nervo ciático, o goleiro do Juventus deu lugar a Marchetti. Em campo, o nervosismo e a ansiedade pelo empate eram evidentes.
Por outro lado, o tranquilo Paraguai não tinha pressa para sair para o ataque e mantinha a posse de bola. Tanto que aos sete, após tentativa frustrada dos italianos em bicicleta de Pepe, por pouco não ampliou. Lucas Barrios foi desarmado por Cannavaro dentro da área, mas a bola sobrou limpa para Enrique Vera. O volante da LDU dominou, ajeitou o corpo e...chutou nas alturas.
Na seqüência, a Itália mais uma vez tentou aproveitar os espaços deixados pelos guarani após ação ofensiva. Montolivo, por sua vez, repetiu o peteleco que parou em Villar. A mesma facilidade o goleiro paraguaio teve para manter sua equipe em vantagem aos 17, e não foi feliz.
Após cobrança de escanteio de Pepe, pela esquerda, ele subiu totalmente atrapalhado e deu um presente para De Rossi. No segundo pau, o jogador do Roma acreditou, viu a bola passar pelo rival e cair nos seus pés para escorar e colocar o 1 a 1 no placar. Gol e respostas para os que criticavam sua escalação.
E o nervosismo trocou de lado. Os paraguaios pareciam ter uma jabulani em chamas em seus pés e apelavam bastante para chutões. A disposição ofensiva italiana, ainda assim, permitia alguns suspiros ofensivos. Aos 21, Lucas Barrios avançou pela esquerda e rolou para Jonathan Santana chutar mal.
Já a Itália, com três atacantes, seguia tomando conta do campo ofensivo e criando pouquíssimo. Gilardino, aos 24, protagonizou a primeira conclusão de um jogador de ataque da Azzurra na partida, e carimbou a zaga. Diante da inoperância de seus ataques, Gerardo Martino e Marcelo Lippi optaram por trocar peças: Di Natale e Santa Cruz entraram nas vagas de Gilardino e Valdéz, respectivamente.
A dupla, no entanto, esteve longe de ser solução para a falta de poder de fogo das duas seleções. Na verdade, os dois pouco tocaram na bola, e até o apito final do mexicano Benito Archundia apenas mais um lance foi digno de registro: aos 37, Montolivo, enfim, acertou o pé em chute de longe. Villar saltou e fez a defesa com a ponta dos dedos no canto direito.
Buffon (Marchetti), Zambrotta, Cannavaro, Chiellini e Criscito; De Rossi, Montolivo e Marchisio (Camoranesi); Simone Pepe, Iaquinta e Gilardino (Di Natale). | Villar, Bonet, Alcaráz, Paulo da Silva e Morél Rodriguéz; Vera, Victor Cáceres, Cristian Riveros e Aureliano Torres (Jonathan Santana); Nelson Haedo (Roque Santa Cruz) e Lucas Barrios (Cardozo). |
Técnico: Marcelo Lippi. | Técnico: Gerrardo Martino. |
Gols: Alcaráz, aos 39 minutos do primeiro tempo. De Rossi, aos 17 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos:. Camoranesi (ITA) Victor Cáceres (PAR) | |
Estádio: Green Point, Cidade do Cabo (AFS). Data: 14/06/2010. Árbitro: Benito Archundia (MEX). Assistentes: Hector Vergara (CAN) e Martin Torrentera (MEX). Público: 62869. |
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